Ensinamentos de uma coluna travada à Gestão de Pessoas
Paula Tissot
Coach & Mentora - Formada em Neurociências Aplicadas ao Comportamento Empreendedor, Comunicação e Liderança.
Hoje às 6h50 da manhã eu estava fazendo meus exercícios como faço sempre às segundas, quando no meio de um deles subitamente: TUM! Minha coluna travou!
Na hora a dor foi grande, tudo o que eu precisava era largar aquele peso e deitar! Pedi ajuda, larguei o peso, com uma dificuldade enorme eu deitei e pensei: “poxa….isso foi acontecer justo hoje!” . Hoje eu tinha me planejado “começar o ano de verdade” em relação à alimentação saudável e exercícios físicos, afinal, durante as festas de fim de ano eu me alimentei feito um urso-negro prestes a enfrentar 7 meses de hibernação.
Com meu passado gastronômico recente na mente, tudo o que eu conseguia pensar era: “como vou fazer pra seguir em frente e manter o plano de exercícios?”. Mas a dor foi mais forte, e então depois de um curto período eu assumi que estava temporariamente incapaz de realizar exercícios e colocar meu plano em ação. Ok Paula, mas o que isso tem a ver com Gestão de Pessoas?!
Muitas vezes com metas acumuladas, entregas atrasadas, erros cometidos e pressão na cabeça, um gestor pode inconscientemente injetar pressão e feedbacks agressivos na sua equipe em busca de resultados. O ponto é: sob alta pressão e intimidação, um colaborador pode temporariamente perder a sua capacidade de seguir em frente.
A insegurança e o medo ativam reações instintivas de sobrevivência, gerando comportamentos automáticos focados na autoproteção. Este instinto quando ativado faz com que as pessoas fiquem temporariamente incapazes de entregar competências.
Em casos como estes é que percebemos reações como: busca por culpados, vitimização, agressividade, lócus de controle externo, negação, e talvez a pior das consequências, o reforço da crença de que a pessoa é incapaz. Com estes pensamentos e sentimentos presentes, é muito difícil que o colaborador seja capaz de analisar de fato onde as falhas ocorrem, o que causa atrasos nas entregas, olhar pra si como alguém capaz de fazer melhor, e principalmente pensar em novos caminhos ou soluções.
Ah, então quando entregas estiverem travadas, metas não forem cumpridas ou erros consecutivos ocorrerem, eu como gestor devo passar a mão na cabeça e dizer “está tudo bem” ou ainda respirar fundo e fingir que nada aconteceu? Não, não mesmo! Isso também não traz aprendizado. Quando algo sai do planejado, é preciso parar e entender quais ações, pensamentos, conclusões, não-ações e decisões fizeram com que o resultado fosse aquele. É isso, feito de forma compartilhada, consciente, e transparente que permitirá o aprendizado e a construção de uma nova estratégia para resultados diferentes.
Quando algo não vai bem, negar que o problema existe ou apenas forçar seguir com o plano pode trazer consequências ainda maiores (como eu forçar exercícios com a coluna travada). A aceitação é um pré-requisito para a mudança.
Não é nada fácil quando os acontecimentos se distanciam dos nossos planos , mas às vezes é simplesmente necessário recalcular a rota para conseguirmos chegar ao nosso destino. As coisas não estão indo bem? Pare, “largue o peso” da pressão, reconheça a dificuldade, peça ajuda, avalie o contexto e com consciência co-construa um novo e melhor plano.
Por aqui o plano é andar um pouco mais naturalmente que o Robocop e focar na recuperação. Vamos em frente!