Pânico no Morro e conexões com Gestão
Paula Tissot
Coach & Mentora - Formada em Neurociências Aplicadas ao Comportamento Empreendedor, Comunicação e Liderança.
Ontem subi pela terceira vez um morro de nível médio de dificuldade, mas desta vez passei por uma situação bem difícil.
Das vezes anteriores, dias lindos de sol, nenhuma nuvem no céu, solo e pedras secas, cenário perfeito para realizar a subida e desfrutar a linda vista, mas ontem foi diferente. Já saindo de casa eu estava tensa, pois quando olhei o céu pela manhã estava bastante nublado. Chegando no morro, solo bastante molhado, alguns pontos com lama, mas…a decisão foi de assim mesmo seguir em frente.
A subida nos ganchos sujos de lama e paredões em que você segura em correntes e cordas estava ok, até que cheguei em um primeiro desafio onde eu não alcançava um dos ganchos e também não conseguia me apoiar na pedra, que por estar lisa, fazia com que meu pé de apoio escorregasse. Foram 2 pontos assim durante a subida.
Ao chegar no topo do morro, céu nublado, vento forte, e somente um pensamento: “Se aqueles dois pontos foram difíceis pra subir, como é que vou fazer pra descer?!”
Com este pensamento dominando minha mente, iniciei o processo de descida. Ao chegar no primeiro ponto onde eu não alcançava o gancho para descer o paredão, eu enfim travei. Passei aproximadamente 5 minutos no mesmo lugar, segurando a corrente com uma mão, o gancho com outra, e tentando encaixar o pé de apoio em um vão da pedra que me permitisse chegar ao próximo gancho e descer. A pedra lisa, meu pé escorregava, e assim eu fiquei, repetindo um mesmo movimento que não me levaria ao próximo degrau, mas naquele momento era tudo o que eu conseguia fazer.
Quando estamos com medo ou sob alta pressão, é comum ficarmos em um mesmo ciclo, repetindo ações e decisões que não nos levarão ao resultado que precisamos, mas que nos mantém em movimento e passam a sensação do “eu estou tentando”.
Quando tomei consciência da situação, falei para meu companheiro de subida que estava logo abaixo de mim: “EU TRAVEI, não sei como sair daqui”.
Durante aqueles 5 minutos ele repetiu: “Tenha calma. Você está tentando um mesmo movimento que não vai te ajudar. Eu estou aqui, confie. Segure firme na corrente e deslize até o próximo gancho”.
Passados alguns minutos, eu respirei fundo, desisti da estratégia que não estava funcionando, escutei quem estava fora da situação e com uma visão mais ampla de possíveis saídas, e por fim tomei coragem, deslizei, alcancei o gancho, e desci o resto do morro. UFA!
Lições aprendidas e conexões com Gestão:
– O lugar* pode ser o mesmo (*neste caso foi o morro, mas pode ser: a pessoa, a equipe, a empresa, o projeto), mas quando o cenário ou contexto mudam, a estratégia para enfrentar os desafios também precisa ser atualizada;
– O medo paralisa, e muitas vezes nos faz perder momentaneamente a capacidade de tomar boas decisões. E não precisa ser uma situação de alto risco! Pode ser um novo cargo, um novo projeto, uma nova diretriz da empresa, um novo gerente, uma nova cidade, um novo desafio para o qual não me sinto seguro ou preparado. É preciso ter pessoas de confiança ao nosso redor, que estejam vendo a situação por outro ângulo, e que nos ajudem a construir outras saídas;
– Não basta pedir ajuda, é preciso ouvir! Quantas vezes pedimos ajuda, pessoas que estão vendo a situação “de fora” nos convidam a mudar de estratégia, mas seguimos no ciclo que não nos faz caminhar?
– Não basta ter conhecimento e ferramentas à nossa disposição, é preciso usá-los! Eu tenho acesso, com um toque no celular, a previsão do tempo, com informações como: temperatura, precipitação, probabilidade de chuva, vento, etc. Não usar a informação é o mesmo que não tê-la.
Quantos cursos, livros, podcasts você já acessou sobre: planejamento, gestão, liderança, estratégia, tomada de decisão, e quantos % do conhecimento e ferramentas você realmente aplica?
Sob alta pressão: Pare, respire, peça ajuda, ouça, crie opções e siga em frente!
Até a próxima emoção pessoal 🙂